Facistas Desistam! - Zé Sarmento
José Sarmento Em ProSia
Aqui tem tudo junto e misturado na criação da escrita:prosa, crônica, conto, prosia. Fotos.
quarta-feira, 12 de novembro de 2025
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Vai um oxente aê?
Vai um carne seca aê?
Vai um pé rachado aê?
Leva. Não custa quase nada.
Só um prato de comida da sobra da elite e burguesia.
Leva eu. Valho um pouco de água filtrada pelo teu preconceito e racismo.
Aceita Eu. Sou pau de arara bom de enxada que cortou estrada poeirenta esburacada.
Leva eu para dentro do olho do furacão da produção das grandes cidades.
Leva eu para dentro do furacão das portarias dos prédios construídos por mãos como as minhas, sem direito à moradia.
Leva eu para casa de famílias ricas e classe média, pra servir de cabide para as tuas necessidades.
Sei que minha cabeça achatada muito chateia os de cabeça alinhada pelo DNA Europeu.
Leva aê, um nordestino. Diacho!
Somos pau mandado pra toda obra mal acabada.
Terra rachada se confunde com a sola dos nossos pés.
Leva nóis. Não custa quase nada.
Nem pra tua atenção pedimos admiração na solidão dos quartinhos dos fundos do teu casarão.
Somos atenção 24 horas por dia pra ti.
Calado do teu lado com um copo de água na mão, servimos na tua
refeição.
Passamos pano no teu chão. Passamos peças de roupas caras cantando Ave Maria.
Lavamos no tanque tuas cuecas, calcinhas, meias... Verdades. Verdade!
Na cozinha somos mestras no fogão. Não só pra fazer feijão.
Recheamos teus legumes com nossa carne picotada explorada desde antigas gerações.
Com um pouco mais de atenção, vocês até podem nos usar nos prazeres sexuais.
Somos fortes nos gozos e gemidos.
Ora! Vivemos carentes na dormência dos dias de tanto vos servir.
Leva nós. Os nordestinos. Custamos pouco.
A fome e a seca nos ensinou ser fortes como os “cabra de Antônio
Conselheiro”.
Leva nóis pra te servir.
Não esqueçam d’uma coisa.
Aprendemos nos defender da exploração do sul e do sudeste.
E lá de cima. Do Nordeste. Também!
A educação e os estudos foram as armas.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
COMEDORS DE PRÉDIOS
COMEDORS DE PRÉDIOS
Gostaria de ser uma floresta cheia de animais invisíveis aos olhos de pessoas que habitam este planeta.
Iria soltar meus bichos na cidade desumanizada entregue às corretoras.
Abriria o portal da liberdade deles pra um serviço de sutil presteza.
O alimento viria de prédios suntuosos com fachadas de vidro protetores do capitalismo destrutivo.
Meus bichos da grande floresta.
Famintos, começariam se alimentar de suas colunas subterrâneas.
Das ferragens internas não ficaria vigas intactas que meus bichos não abocanhassem.
Meus bichos comeriam suas ferragens no silêncio das noites insones.
O sinal do fim do apetite saciado dos meus bichos.
Seria uma festa que fariam pendurados nas árvores afastadas do centro.
Árvores que ainda não receberam visitas das serras elétricas.
Assistiriam de camarote o préidão tremer.
Na correria do povo passando para escapar da sua derrocada.
Ficaria para traz muitos produtos inoportunos que destrói o meio ambiente.
Com o monte de concreto e ferragens no chão.
Meus bichos deixaria mais uma vez a floresta.
Levariam sementes para jogar no novo terreno que acabou de ser recuperado.
Uma praça ali seria construída.
Brinquedos pra criança, pista de caminhada.
Fariam festa no fim de semana os moradores sem sombra no centro da cidade.
Uma biblioteca seria construída no meio da praça.
Receberia leitores ávidos por livros e literatura.
Oh, sonho doido de um velho que adora viver sua criança.
Menino danado que ainda insiste em viver pendurado em sua cacunda.
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
AQUI TEM HISTÓRIA - A REGIÃO CENTRAL E SUA ARTE POPULAR
AQUI TEM HISTÓRIA - A REGIÃO CENTRAL E SUA ARTE POPULAR
Minha paixão por cinema e literatura desde que aprendi a ler aos 14 anos e assistir aos filmes a parti dos 10 no cineminha da minha vila operaria do DNOCS, São Gonçalo, Sousa, PB, me fez chegar em São Paulo pronto pra correr atrás dos meus sonhos personificados no desejo de trampar com a sétima arte.
Depois de ser ajudante de metalúrgica e auxiliar de almoxarifado por um tempo, no mesmo ano que migrei como retirante da seca, me matriculei pra estudar num cursinho de cinema, três anos depois estava vivendo de diárias de longas-metragens, curtas, documentários e depois muita publicidade.
Gostava dos longas pelo fato de as equipes tornarem minha família, antes vivia muito só por ser tímido e fechadão no meu mundo de ilusão.
O centro da cidade de Sampa com suas ruas movimentadas, era lugar de passagem e paradas pra assistir de tudo que se propagava nelas, antes de chegar à rua do Triunfo, ou depois de sair dela. O Livro Bixiga, um cortiço dos infernos que o diga.
Nas folgas era hora de entrar de cabeça a escrever meus manuscritos, depois usar a remington para datilografar, isto já morando no cortiço da rua Abolição com mais dois amigos que também faziam cinema, um pernambucano e um mineiro, e assistir teatros, filmes e tudo mais.
Antes de ser profissional de cinema me deparei e descobri a estação do metrô São Bento, morava num cortiço no Brás. Aos domingos tinha shows de bandas muito boas, lugar de matar o tempo e esquecer um pouco das memórias familiares e territoriais e viver arte.
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
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